sexta-feira, 2 de março de 2007

Uma lata de sardinha ambulante

No dia 28 de Fevereiro de 2007, presenciei uma situação de calamidade do tranporte público em São Paulo. Estava na Av. Brigadeiro Faria Lima no Bairro de Pinheiros, num ponto esperando o ônibus Terminal Jardim Ângela. Fiquei lá por uns 20 minutos, até que ele chegou. É importante dizer que uma multidão foi em direção ao ônibus. O resultado disso é que o veículo ficou tão cheio que mal eu conseguia me mexer... pior, eu mal conseguia respirar. Durante quase 1 hora fiquei naquela situação, até que nas proximidades do Terminal, as pessoas começaram a descer. O alívio porém só veio mesmo quando cheguei ao ponto final. Terminal Jardim Ângela-Pinheiros: uma lata de sardinha ambulante!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Arte Passageira e Ação Direta

Antes do ônibus Carne estacionar em nossa porta, acreditávamos que o 'Arte Passageira' nos traria um assunto muito importante para reflexão: o ônibus, o coletivo, o transporte, as distâncias. Começamos por aí, estimulando nossa memória através de leituras e contando histórias que se passaram dentro de coletivos.

Quando Lívia nos brindou com uma discussão sobre Arte Contemporânea, a perspectiva começou a mudar. Após a primeira visita, passamos uma tarde inteira conversando sobre Arte. Ninguém queria ainda falar sobre algo tão corriqueiro quanto os ônibus. O assunto era quem é o artista da sociedade nossa; o que são os museus e seus reservatórios (ou assaltos?) culturais; como percebemos a arte e como ela se inscreve no nosso cotidiano; alta cultura x baixa cultura - qual o embate entre tradição e arte contemporânea; como a obra de arte contemporânea permite resgatar a história (como foi o caso apresentado por Lívia nas receitas molotof das garrafinhas de coca-cola); entre tantos outros temas.

Essa oportunidade de discutir arte contemporânea nos trouxe a chance concreta de discutir engajamento e de querer provocar mudanças. O que de primeiro olhar era muito rico para nós – o tema do transporte coletivo – virou caminho de discutir nossa atuação política na comunidade. E uma intervenção política que parece a mais rica e de maior aceitação nos tempos que vivemos – a artística.

Não tínhamos ainda essa clareza ao desenvolver as atividades que seguiram a visita do ônibus. Foram os debates promovidos pelas visitas do 'Arte Passageira' que me fazem acreditar que o projeto tem o potencial de revelar para os jovens o caminho de intervenção na realidade que os inscreve.

As atividades que propusemos foram importantes para desvelar essa realidade. Um exemplo disso foram as histórias passadas em ônibus que os jovens contaram, revelando inúmeros casos de abusos sexuais que nunca são percebidos ou combatidos como tais. A escritura e o debate trouxeram a tona estes problemas. A paródia do poema Amor, de Luiz Fernando Veríssimo, mostrou ônibus que passam por cima da lei e de seus passageiros, atropelando-os, assaltando-os, chacoalhando-os a seu bel-prazer. Ônibus que flertam com carros de luxo, mas também o repelem, afirmando as diferenças entre o passageiro do carro esporte e o passageiro no 'vuco-vuco do busão', com 'cheiro de leitão'.

Aprofundar a percepção e o entendimento dos problemas que afligem nossa sociedade e nossos jovens é objetivo de qualquer projeto pedagógico digno de apreciação. Mas o 'Arte Passageira' vai além disso, seu potencial está em promover a mudança dessa realidade. A atuação dos jovens, convidando os passantes a entrar no Carne, colocou-os em posição ativa frente a comunidade: o Carne promoveu a ação direta.

consciência

"Se algum dia a vida lhe der ás costas, chute a bunda dela"...

carne

"Eu sou um nada que muito significa."

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

CARNE, EU?

Não sei o que me acontece. Acordei hoje muito diferente, como nunca havia me sentido antes. Lembrei que há alguns dias entrei num ônibus entitulado de "CARNE". Todo vermelho.
Percebi, pois, que não passo de uma carne, e que os mais estranhos sentimentos, entre eles o de tristeza, um "carne" também pode sentir. Estou triste, essa é a realidade, nua e crua, e que demorei a admitir.
Me pergunto: Carne, eu? E logo vem a resposta: Sim, claro! Se não, não estaria sentindo esta tristeza tão profunda que sinto desde que abri os olhos pela manhã.
Espero que ao me deitar o sono venha logo, e passará esta tristeza de carne vermelha, ou quase roxa.

Carne

O que me move? O que me comove? O que me faz questionar estando à beira da desigualdade... Fazendo parte de um capitalismo de uma massa de uma trista realidade A mesma realidade que me faz sentir em carne viva um avontade de espalhar um sentimento viceral de: amor amor pela vida amor pelo "ser humanizadamente humano" e artististicamente sendo personagens da vida real Carne em mim Carne em ti Carne em nós.

Andar de Ônibus

''O mundo é injusto, pois se fosse justo todos iriam andar apertados.'' ( Geilson)

Carmela Gross em "relação direta com o público"

Nós, membros da ONG Papel Jornal, fizemos uma entrevista com a artista plástica Carmela Gross. Vocês verão a partir de agora a conversa que tivemos em um ateliê no Instituto Tomie Ohtake. Carmela Gross cita um de seus conceitos nos primeiros instantes da nossa entrevista: - A relação direta com o público, a espontaniedade de sentimentos é fundamental em uma obra de arte. O mais interessante é que nós, da ONG, estávamos ali exatamente nesse sentido: naquele momento, Carmela era Obra-artista, desconhecida, elegante e jovial. Nós éramos público, tímidos, mas observadore, pois cada palavra, cada gesto, cada olhar, tudo era arte. Carmela diz que todo trabalho de arte é político. Isso vem dos significados de uma sociedade, de seus vínculos e interação. A artista também diz que a grande maioria de suas obras mesclam a simbologia (palavras) e sensibilidade (material). As palavras viram elementos em suas obras. Isso é fantástico! Penso que esses elementos não entregam a obra de "bandeija" para o apreciador, mas faz com que a obra seja coletiva. "Arte é coletiva", diz Carmela. Sendo assim, o artista não trabalha do nada e historicamente a obra só é obra se traz um objetivo dentro dela. "Arte é arte" e "o artista vira funcionário de sua obra", segundo Carmela nos relata. Ao entrevistá-la, foram muitas as impressões que tivemos, mas estas colocações foram que as que mais nos marcaram no que diz respeito à identificação de Carmela Gross enquanto artista contemporânea.

Cada ponto, um conto

Histórias de busão
O ônibus realmente é o meio de transporte em que todos se encontram, não porque querem, mas porque necessitam. Por maior poder aquisitivo que alguém possua, dificilmente passará pela vida sem ser transportado em algum veículo coletivo. E durante o entra e sai de massas humanas, acontece de tudo: assalto, fofoca, namoro, briga e principalmente, aperto e sufoco. Já vi muitos e muitos acontecimentos inusitados no ônibus. Vou contar aqui um deles. Rosana, uma amiga minha de 16 anos foi a um parque aquático com algumas colegas. Elas se vestiram conforme a ocasião e a minha amiga foi de mini-saia. Pegaram um ônibus e logo após entrar, um senhor de mais ou menos 60 anos, sentou-se ao lado dela. De repente, ela sentiu que havia uma mão entre suas pernas, olhou para o lado e o senhor fingia que dormia...Mero detalhe, com a mão “esquecida” em algum lugar. Claro que seu primeiro pensamento foi levantar-se, era melhor ficar em pé, do que naquela situação constrangedora.Mas ela ainda teve que tirar a mão dele antes de se levantar e foi o resto do caminho em pé. Demos boas gargalhadas com essa história, que eu claro, sempre faço questão de lembrar. Mas, na verdade o que eu gostaria de ter feito no lugar dela era partir pra agressão física, gritar, fazer um comentário desrespeitoso... sei lá, o tipo de tratamento que merece um velhinho safado desses!

ABUSO NO ÔNIBUS

Por Paulo Henrique Santos Nascimento Estava com minha família à bordo de um ônibus destinado a Santo Amaro, quando uma senhora de 63 anos, segurou-se ao veiculo que deu partida arrastando a pobre velhinha. A senhora subiu no ônibus e disse poucas e boas para o motorista, que apenas defendia-se com desculpas. Meia hora se passou e a adorável e ranzinza, expulsou uma garota de seu acento (que por sinal estava grávida) dizendo que a preferência era dela, não de "gente nova". Para cada curva, uma reclamação da idosa que dizia: "Vire a esquerda! Quer ir ao lugar errado?Obedeça-me, pois eu conheço todo esse lugar. Afinal tenho 63 anos!" Ao chegar no seu destino, na escada do ônibus, a velhinha ainda reclamava. Foi aí que os passageiros enfureceram-se e disseram: -Desce logo senhora! Deste fato eu tirei a conclusão que menopausa é fogo!